Vozes Plurais - Fevereiro 2022
Intenção do Santo Padre:
Rezemos pelas religiosas e consagradas, agradecendo-lhes a sua missão e a sua coragem, para que continuem a encontrar novas respostas diante dos desafios do nosso tempo.
No cruzar de pensamentos, de mil e uma coisas surge algo claro 'Deus os criou homem e mulher' (Gen 1, 27b) e esta é uma identidade, porque quem cria a dá. 'Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança' (Gen 1, 26), temos o toque de Deus que cria e o seu ADN, somos imagem e semelhança d'Ele. Hei! Como isto é grandioso, não somos frutos do acaso, duma vontade de um homem e de uma mulher, mas somos gerados e amados por Deus no Seu grande coração e aí nascemos num tempo, numa história, num espaço e aí somos Seus filhos muito amados.
E agora sim, vamos ao título ser mulher, não é ser nem mais nem menos do que ser homem, é diferente. Este é o primeiro ponto para que não se gerem dúvidas de maiorias ou minorias, de melhor ou pior.
Ser mulher é ser coração nas mãos e nas palavras, é amar de uma forma grande, sem limites, sem barreiras, é sofrer por amar e fazer do sofrimento uma prova de amor. ser mulher é ser sensível, atenta, perspicaz, audaz... e são todas iguais? Claro que não, cada uma única e irrepetível, como cada um de nós. E depois vem consagrada! Mulher consagrada! Uma realidade na Igreja, não foi Jesus (no Seu tempo histórico) que instituiu esta forma de viver, que disse que seria assim. Mas foi Jesus no contínuo dos tempos que inspirou homens e mulheres para se entregarem plenamente a Ele e aos irmãos, para se consagrarem, para se entregarem e Ele os consagrar... os tornar sagrados... tornar presença do Seu Reino hoje, aqui e agora, na vida de cada um(a).
Mulher consagrada é uma forma de viver no mundo, atenta às suas necessidades, envolvida na sociedade, ao serviço de todos... com tempos fortes de oração, com um ritmo marcado pela relação com Deus, pela relação com a fraternidade/comunidade onde vive, pela relação consigo própria.
Ser mulher consagrada é ser habitada pelo amor imenso de Deus, que não se importa com a minha/nossa fragilidade mas com a minha/nossa abertura à Sua ação, a Lhe dar espaço, a deixar que Ele seja, e é tão belo este caminho. Porque, não chega um dia dizer sim, depois de um discernimento vocacional, mas é toda a vida a discernir, toda a vida a dizer sim (e quando acontece dizer não em palavras ou na vida, poder voltar... voltar...).
Mulher consagrada é alguém feliz, não pelo que é, mas pelo que Deus é! Pelo o que Deus é nela, através dela... pelo que opera, pelo que transforma e pelo sentido que trás à vida.
Mulher consagrada é trazer no rosto a certeza de ser amada, no olhar o infinito, nos lábios o jeito de Jesus, nos gestos a marca de Deus, na vida uma lufada de ar fresco, e não importa os anos, pode ter 20 ou 100, mas sempre preenchida, sempre habitada, sempre a caminho e a sua vida sempre consagrada!
Não é mulher e consagrada, não é um adereço a consagração, um acrescento! É mulher consagrada, é todo o seu ser, o seu jeito, a sua vida, é totalmente mergulhada no amor de Deus que tudo transforma.
Ana Paula da Conceição
Irmã Franciscana Missionária de Nossa Senhora. Enfermeira.
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