Prosseguindo a caminhada arquidiocesana norteada pela responsabilidade de ser esperança através de comunidades acolhedoras e missionárias, entramos, agora, no tempo favorável da Quaresma e da alegria da Ressurreição Pascal.
Convido a que olhemos para o símbolo da árvore escolhido para este ano pastoral. Tomamos consciência das raízes da nossa nobre história e do Evangelho que faz crescer a vida eclesial. Reconhecemos que o crescimento se realiza através do serviço e do acolhimento. Agora, aceitamos a necessidade da “poda” (conversão ao Evangelho) para a alegria de produzir abundantes frutos (alargar os horizontes da missão).
A Quaresma convida-nos a crescermos na familiaridade com a Palavra de Deus. Deve fazer-se vida no nosso quotidiano e a nossa vida transformar-se em palavra silenciosa mas eloquente. Ao discernirmos com a Palavra, conseguimos então identificar os pecados comunitários e pessoais. Os pecados criam sérios obstáculos a uma vida de fraternidade e solidariedade: indignidade, injustiça e indiferença, sobretudo com quem nos encontramos diariamente.
Queremos e sonhamos com a renovação das nossas comunidades e da Arquidiocese. Mas a renovação estrutural, sem a exigência da conversão de todos – sacerdotes e leigos – e orientada para uma fidelidade criativa ao Evangelho e para o testemunho na comunidade e na sociedade, nunca se concretizará.
A força da Páscoa deverá projectar-nos para novos horizontes, assim como despertar e incentivar o entusiasmo missionário. Cristo deixou o sepulcro e os discípulos de Emaús encontraram-no na estrada. A festa jubilosa da Ressurreição, a preparar convenientemente, convida todo o cristão ao êxodo de si mesmo para semear o Evangelho no coração da cidade dos Homens.
Devemos, por isso, alargar os horizontes da sensibilidade perante as situações reais da vida daqueles que caminham ao nosso lado ou pertencem à Humanidade, crente ou não. Existem diversas fragilidades e carências materiais e espirituais. Alguns apenas querem aproveitar a vida de um modo egoísta fechando os olhos e os ouvidos a lamentos e gritos que deveriam interpelarmos. Para a festa do tempo Pascal é imprescindível de acordar e ver.
Necessitamos de alargar os horizontes da generosidade. Ver o dramatismo das vidas não é suficiente. Não nos podemos ficar por bonitas considerações! O Evangelho e a missão convidam a intervir: gestos de ternura e carinho, palavras de ânimo e a alegria de dar.
Por fim, importa alargar os horizontes do compromisso. O tempo das considerações, mesmo nas reuniões para planear actividades, os discursos orais ou escritos, valem muito pouco sem o compromisso. A missão está à nossa porta, ao nosso lado ou em países estrangeiros, e, concretamente, na paróquia de Ocua, em Moçambique.
A Páscoa cresce em significado quando saímos de nós, arriscamos a vida pelos outros, pelas causas da Humanidade e da Igreja. Aproveitemos a graça especial destes tempos da Quaresma e da Páscoa. Que a conversão aconteça!
Dêmos vida a Grupos Semeadores da Esperança. Conheçamos o nosso Centro Missionário, dêmos vida a grupos missionários paroquiais, teçamos comunidades acolhedoras e missionárias e, acima de tudo, sejamos esperança para as nossas comunidades e para o mundo.
† Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga
Comments