Cada sessão é uma descoberta. Ali pude ser eu, e dizer o que pensava e o que sentia.
“O que se passa no Alpha, fica no Alpha.” Como pode isso acontecer, depois de uma experiência tão enriquecedora, não falar do que se lá passa?
Aparentemente, um encontro para não crentes… faz todo o sentido para crentes, pela pertinência dos temas e espírito aberto das partilhas. Questionar, semana a semana, o sentido da nossa vida não pode ser uma experiência apenas para alguns. Faz sentido “abrir portas” e acolher todos aqueles que estão disponíveis para (re)pensar a sua vida, as suas escolhas, as suas prioridades.
Esta experiência surgiu de um convite, persistente, de alguém que passando pela experiência, não conseguia conter o entusiasmo. Dez semanas? Demais. Mas, pela insistência, admiração, e pelo respeito e carinho que tenho pela pessoa que fez o convite, lá acedi. Semana a semana, a experiência foi-se adensando e, durante dez semanas, as vinte horas de sábado eram esperadas com alegria e impaciência. Os nossos “novos amigos”, há pouco completos desconhecidos que como eu, aceitaram participar na experiência, os “incansáveis” párocos e o grupo, que tinha anteriormente feito a experiência, lá rumávamos a Braga, onde tudo passou a fazer sentido. O mote do grupo é ouvir e partilhar sem censura, onde todas as respostas são válidas e ninguém, apesar de partilhas íntimas e profundas, se sente exposto ou julgado.
Que explicação podemos dar para, nos dias de hoje, com tantos meios de comunicação e interação disponíveis, tantos de nós não sentirmos que “encaixamos” ou pertencemos a uma comunidade que nos vê, que nos ouve e que nos conhece. O Alpha fez-me (re)sentir e apreciar o gosto de ouvir sem julgar e falar, ser julgada. Fez-me ser capaz de apreciar os abraços, de “quase desconhecidos”.
O curso Alpha para mim é o sentido mais genuíno de acolhimento, ninguém me perguntou o que fazia o que tenho ou o que fiz, só perguntaram o meu nome e a partir daí… faz-se a caminhada. Cada sessão é uma descoberta. Ali pude ser eu, e dizer o que pensava e o que sentia. Não sou, de todo uma cristã perfeita, e, portanto, tenho muitas dúvidas, provavelmente, mais do que deveria…mas o caminho faz-se caminhando e é aí que me situo… a caminho.
O Alpha também me deu, seguramente, a certeza de pertença a um grupo, e a uma comunidade. Se não andamos demasiado ocupados ou distraídos, já nos demos conta de que partilhamos muitas coisas bonitas, nas redes sociais, e não só, mas, quando, onde e com quem partilhamos as menos “bonitas”? A quem recorremos para “desabafar” e pedir ajuda? A quem “confessamos” as nossas fragilidades? Pensa nisso… o Alpha pode não ser a solução, mas pode ser um caminho.
Anabela Félix
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