Grupos Semeadores de Esperança | Tema I
ORAÇÃO INICIAL
Senhor, vimos hoje pedir: ensina-nos a ver!... Ajuda-nos a compreender!...
Ensina-nos a ver e compreender que a Tua Ascensão não é uma despedida a lamentar, nem a espera dorida de um regresso, mas um passo num tempo novo.
Ensina-nos a ver para além dos nossos sítios e dos nossos conceitos; dos nossos gostos e da nossa comodidade; para além de nós...
Ensina-nos a ver com os Teus olhos, iluminados pelo Espírito que tudo anima.
Gostávamos, tantas vezes, de ficar de olhos postos nas nossas coisas, na nossa família e nos nossos amigos.
Gostávamos que o horizonte não tivesse nada do outro lado e de lá não chegassem vozes nem apelos.
Gostávamos tanto de ver apenas o nosso pedaço de terra e céu: uma espécie de horta familiar trabalhada como entretenimento de fim-de-semana.
Gostávamos de olhares acomodados...
Mas o sossego preguiçoso, Senhor, não edifica a Tua Igreja, não testemunha, não corresponde ao vigor do Espírito derramado em nossos corações!...
Por isso Te pedimos, aqui e agora, a graça da inquietação, a impertinência saudável de quem não espera sentado, a coragem de fazer caminho e a sabedoria de andar sobre a terra incerta e remexida.
Amen!...
LEITURA DO TEXTO (At 1, 1-11)
1No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio 2até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu.
3A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias, e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.
4No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, «do qual - disse Ele - me ouvistes falar. 5João baptizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo.»
6Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» 7Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. 8Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.»
9Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos. 10E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, 11que lhes disseram: «Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o Céu.»
PISTAS PARA REFLEXÃO
1. O dom do Espírito precede o envio. Durante a Paixão, todos fugiram e mesmo Pedro, que manifestara o seu ardor em defender Jesus (Lc 22, 33), o negou três vezes (Lc 22, 54-62). Uma tal falta de coragem e demonstração de cobardia poderia ter sido inibidora da missão posterior. O tempo que Jesus ressuscitado passa com os seus discípulos (as aparições pascais) serve para vencer essa culpabilidade inibidora. Os apóstolos sabiam que não eram perfeitos. Pedro aprendeu e aprenderá que o testemunho não é a proclamação de uma coragem tão espalhafatosa como inútil, mas é deixar-se guiar pela força do alto que torna possível a missão de testemunhar o Evangelho. Graças à presença do Ressuscitado, a recordação da falta de coragem, em vez de inibir os apóstolos, tornou-os dóceis ao dinamismo do Espírito Santo. É por isso que o dom do Espírito é anterior ao envio.
2. Discípulos missionários. Muitas vezes, antes de tomarmos decisões ou nos comprometermos com a missão, queremos estar na posse de todos os elementos e sinais que achamos necessários para tal. Não cantamos porque achamos que não sabemos cantar, não nos comprometemos na catequese porque julgamos não ter formação suficiente, não ajudamos alguém porque não estamos na posse de todos os elementos referentes aos seus rendimentos. Partir em missão implica aceitar uma parte de desconhecido. Os apóstolos queriam saber quando iria ser restaurado o reino de Israel. Nos Atos e nas Cartas de Paulo, muitas outras questões vão sendo colocadas e resolvidas. Aceitar a missão que nos é confiada não implica estar na posse de todos os conhecimentos inerentes à mensagem que proclamamos. Os apóstolos não foram destinatários de um conhecimento que lhes estivesse reservado. Eles também transportavam questões por resolver. Ser missionário é anunciar com a força do Espírito da Verdade, mas é também aceitar progredir no aprofundamento da fé. Somos missionários, mas continuamos a ser discípulos.
3. Olhos fixos no dom do Espírito e na missão. Os Apóstolos ficam de olhos fixos no céu, ao ver Jesus na sua Ascensão. Estariam extasiados com o espetáculo ou esperavam uma ordem direta de Jesus? O texto não o diz. Contudo, a indicação de Jesus tinha sido bem explícita (At 1, 8). Estariam eles à espera da vinda do Espírito Santo imediatamente? Talvez ainda não tivessem compreendido o que Jesus tinha dito a Nicodemos “O Espírito sopra onde quer” (Jo 3, 8-21). É graças à intervenção de dois homens vestidos de branco que os olhos deixam de estar fixos no céu para passarem a estar fixos no dom do Espírito e na missão. Os dois homens vestidos de branco evocam os outros dois de trajes resplandecentes da manhã da ressurreição que disseram às mulheres: “Por que buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!” (Lc 24, 5-6).
QUESTÕES PARA REFLEXÃO PESSOAL E PARTILHA EM GRUPO
1. Partilhe um momento da vida em que sentimentos de culpa o paralisaram?
2. Houve algum momento em que a espera de toda a informação o impediu de agir?
3. Houve alguém que provocou o seu compromisso com uma causa eclesial ou social?
QUESTÕES PARA O COMPROMISSO
1. Como vencer os fantasmas que me inibem de estar disponível para a missão?
2. Como não cair na desculpa da falta de informação para me esquivar do imperativo missionário?
3. Como vou responder aos desafios me impedem de ficar a olhar para o céu?
PARA OS JOVENS
Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não fiqueis a observar a vida da varanda. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante de um ecrã. Tampouco vos deveis converter no triste espetáculo de um veículo abandonado. Não sejais automóveis estacionados, mas deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Ainda que vos enganeis, arriscai. Não sobrevivais com a alma anestesiada, nem olheis o mundo como se fôsseis turistas. Fazei-vos ouvir! Lançai fora os medos que vos paralisam, para não vos tornardes jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri as portas da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos aposenteis antes do tempo (Francisco, Cristo Vive – CV- 143).
CÂNTICO
É tempo de ser esperança É tempo de comunicar, É tempo de ser testemunha de Deus Neste mundo que não sabe amar. (Bis)
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